Afastado da presidência da CBF, Ednaldo Rodrigues admite não disputar novas eleições; entenda

O ex-presidente fez a afirmativa em entrevista à Revista Veja, enquanto a entidade segue sob o comando interino de José Perdiz

Luiz Guilherme Ramos
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Ednaldo Rodrigues, afastado da presidência da CBF desde 7 de dezembro, afirmou não ter planos de se candidatar novamente ao cargo. Na primeira declaração pública desde que foi destituído, o dirigente baiano falou sobre a espera pelas decisões judiciais vindouras para entender a possibilidade de retornar ao cargo. Ele garantiu que, caso não seja viável retomar o mandato, não terá participação em futuras eleições, seja na votação prevista para janeiro, organizada pelo interventor José Perdiz, ou na eleição regular de 2025 da entidade.

"É necessário aguardar a avaliação da Fifa e da Conmebol, bem como as decisões da Justiça, para ter clareza do cenário e tomar uma posição. Pessoalmente, tenho tido conversas profundas com minha família e fiz um compromisso: encerrei meu tempo de disputas eleitorais", afirmou Ednaldo em uma entrevista à "Veja", quando questionado sobre sua perspectiva em relação à situação política da CBF durante a intervenção.

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O que houve com o presidente da CBF?

O dirigente, Ednaldo Rodrigues, foi afastado devido à invalidação pela Justiça do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que ele assinou com o Ministério Público do Rio de Janeiro em 2022, quando ocupava o cargo de presidente interino, após o afastamento do então presidente Rogério Caboclo. Este documento, no qual Ednaldo se comprometeu a revisar o formato da eleição anterior ao organizar uma nova votação, foi considerado, em uma ação movida pelo ex-vice-presidente da CBF Gustavo Feijó, como uma estratégia do interino para facilitar a ascensão à presidência.

À "Veja", Ednaldo admitiu não ter se comunicado com alguns setores cruciais do esporte enquanto liderava a CBF, mas assegurou que, caso o TAC seja validado novamente, buscará reconciliação. Essa questão está em discussão nos tribunais superiores. "A dúvida surgiu agora sobre a competência do Ministério Público e a validade do TAC. Além disso, reconheço a falta de diálogo e abertura com setores essenciais do futebol e da sociedade brasileira", comentou.

"Tenho confiança na Justiça e nas entidades esportivas. Se o TAC for considerado válido, buscarei dialogar com todos os envolvidos para realizar as mudanças necessárias até a eleição em 2025, na qual não participarei", concluiu.

Fora do cargo principal da CBF, o presidente afastado sofreu uma derrota pessoal com o anúncio, na última sexta-feira, da renovação de contrato do treinador Carlo Ancelotti pelo Real Madrid, um nome que Ednaldo havia garantido como próximo técnico da seleção brasileira. O dirigente havia contratado Fernando Diniz como técnico interino, com contrato até junho de 2024, quando terminaria o vínculo de Ancelotti com o Real. Contudo, o italiano renovou seu compromisso com o clube espanhol até 2026, ano da Copa do Mundo nos Estados Unidos, México e Canadá. A mais recente complicação judicial da CBF decorre de um processo prolongado, temporariamente resolvido com a assinatura do TAC.

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Ednaldo Rodrigues foi destituído do cargo na quinta-feira, dia 7, em consequência da anulação de uma série de assembleias da entidade, entre elas a que elegeu o dirigente baiano.

Sobre a eleição da CBF

Na eleição para presidente da CBF, cada clube das séries A e B possuía um voto, enquanto as federações estaduais de futebol também tinham direito a voto. Durante as últimas eleições, incluindo a de 2022, que colocou Ednaldo no poder, os votos das federações tinham peso 3, em comparação aos pesos 2 e 1 dos clubes da primeira e segunda divisão, respectivamente.

Essa distribuição de pesos foi estabelecida em uma assembleia em 2017, sem a presença dos clubes, infringindo a Lei Pelé, motivo pelo qual o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) contestou o formato por meio de uma ação em 2018.

Em julho de 2021, após o afastamento do então presidente Rogério Caboclo por denúncias de assédio sexual - das quais foi inocentado pela Justiça -, foi determinado judicialmente que toda a diretoria eleita com Caboclo em 2017, dos vice-presidentes aos demais cargos, deveria ser destituída por ter sido escolhida sob as regras alteradas. Em agosto, após algumas intervenções, Ednaldo, então presidente da Federação Baiana, assumiu interinamente a presidência da CBF.

Antes de ser eleito oficialmente, em março de 2022, Ednaldo assinou o TAC com o MPRJ, comprometendo-se a rever o formato de votação, desta vez em uma assembleia realizada com a presença dos clubes, os quais concordaram em manter o peso dos votos que gerou tanta polêmica. Poucas semanas depois, Ednaldo foi eleito, sem oposição.

O problema que levou à destituição, entretanto, não foi a manutenção dos pesos, mas sim a reivindicação dos vice-presidentes do mandato de Caboclo, que argumentam que o acordo com o MPRJ beneficiou Ednaldo, já que ele ainda era interino quando assinou o documento e foi eleito logo depois sob as regras que ele próprio validou. Além disso, destaca-se o fato de o acordo ter sido firmado apenas entre ele e um único promotor.

Atualmente, a CBF está sob o comando de José Perdiz, presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), encarregado de realizar novas eleições até a segunda quinzena de janeiro. A votação não deve ocorrer antes da visita de membros da Fifa em 8 de janeiro. A entidade internacional reiterou no último domingo que tomará medidas, inclusive com suspensão, caso ocorram violações no processo de escolha de um novo presidente.

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