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Profissionais temem desaparecimento de serviços tradicionais de reparo em Belém

Autônomos que trabalham com ajustes de roupas, roupas e consertos no geral relatam escassez de trabalhadores

Emilly Melo
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Logo na infância, Marcos Oliveira, de 49 anos, teve o primeiro contato com o conserto de calçados. Motivado pelo pai, o artesão deu os passos iniciais na profissão como aprendiz de sapateiro. "Comecei aos 10 anos, com o meu pai. Ele me levava para a oficina, onde comecei a observar e fui aprendendo”, relembra.

Depois de adquirir experiências profissionais em outros estabelecimentos ao longo da vida, neste ano, Marcos decidiu apostar no serviço autônomo e colocar em prática tudo o que aprendeu com os anos de vivência no ramo da sapataria.

“Estava trabalhando em outro lugar de conserto, mas esse ano eu saí e decidi montar o meu próprio negócio. Eu conserto e faço bolsas, assim como sapatos. Os serviços mais procurados são para colar sapatos, conserto de tênis, de zíper, hastes de bolsa. A demanda de conserto é muito grande”, aponta Marcos.

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Otimista com o mercado, o artesão revela que não tem o que reclamar sobre a movimentação dos clientes, pelo contrário, ele avalia como positiva a procura pelos serviços de sapateiro. Por outro lado, Marcos ressalta que há falta de profissionais, o que gera escassez no ofício, especialmente por conta da facilidade que o avanço das tecnologias proporcionou ao setor de calçados, com a inserção de maquinários que oferecem uma produção em larga escala e, consequentemente, preços menores aos consumidores.

“Tem muita gente que procura, mas tem pouco profissional, sobretudo, devido À industrialização de calçados. Antigamente, na periferia, como no Guamá, existiam várias fábricas de calçados, e profissionais que tinham o seu ajudante que, posteriormente, iria se tornar um sapateiro. Agora que não tem mais as oficinas, não existem mais os ajudantes, então os profissionais que ainda existem são os antigos”, analisa Oliveira. “Tudo o que eu tenho, o que eu sou, a criação dos meus filhos, tudo isso foi por conta dessa profissão”, completa Marcos Oliveira.

Prática desenvolvida desde a infância

Assim como Marcos, Jhon Lennon, de 37 anos, também adquiriu os conhecimentos da profissão que exerce com o pai. Jhon conta que aprendeu a consertar diversos objetos ainda com nove anos de idade e que, ao longo dos anos, já trabalhou paralelamente em outros setores. “Sempre trabalhei aqui [com conserto], mesmo empregado em outros lugares”, declara.

Quando perdeu o emprego de carteira assinada, há 10 anos, Jhon decidiu focar nos serviços de manutenção e, atualmente, possui um ponto comercial na feira do bairro da Pedreira, em Belém.

“O mercado de trabalho não está fácil, é bastante competitivo. Eu estava desempregado, mas aqui consigo ganhar mais do que ganhava quando tinha a carteira assinada e ainda faço o meu horário”, afirma o trabalhador que oferece serviços de consertos de panela, ventilador e eletrodomésticos pequenos.

image  Jhon Lennon trabalha com consertos há mais de 10 anos (Marx Vasconcelos)

A história do empreendedor Márcio Dutra no ramo de consertos começou por acaso. Há 22 anos, ele trabalha na restauração de sapatos, bolsas, malas de viagem, etc. Ele conta que tudo aconteceu após a indicação de um amigo para fazer um teste em uma loja. “Era um teste para pintura em couro, só que eu fui de curioso. Acabei olhando os outros serviços e fui aprendendo, até que virei o que sou hoje, dono de uma loja com várias pessoas que trabalham comigo”, reflete Dutra.

O empreendedor também destaca que existe uma grande procura pelos serviços, no entanto, acredita que, daqui a uns anos, a profissão pode correr o risco de desaparecer. “Muita gente não quer aprender. Sapateiros antigos estão deixando a profissão e não estão vindo outros [profissionais], então daqui a um tempo não vai mais existir. Eu conto que daqui uns 10 anos vai estar bem escasso esse tipo de serviço”, pondera Marcio.

Indo contra a tendência do mercado, Márcio diz que não investe na presença digital ou redes sociais do seu empreendimento, mas alcança novos clientes da forma tradicional: no boca a boca e no bom atendimento.

“Faz todo o diferencial no meu serviço. Clientes falam que voltam pelo meu atendimento com eles, que acabam se tornando amigos, porque trato todos muito bem. O nosso tempo está muito corrido, que não consigo nem olhar as redes sociais, aqui foi só no boca a boca e explodiu”, ressalta.

Chaveiro: inovações tecnológicas influenciam

Já para André Santos, de 51 anos, que trabalha há 33 anos com o serviço tradicional de chaveiro, o fator que vai determinar a continuidade da profissão é a busca pela capacitação dos profissionais. Ele acredita que as inovações tecnológicas influenciam diretamente no mercado de trabalho.

“As coisas estão se modernizando, então creio que daqui a um tempo vai ficar mais complexo, sobretudo para quem não se aperfeiçoa. Agora, tudo é eletrônico, os carros são todos modernos, com chips, até as fechaduras de apartamento já são digitais”, conclui.

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