Possível alteração na base de cálculo do IPTU por decreto preocupa especialistas

Se aprovado, texto da reforma tributária pode dar mais autonomia às prefeituras, que não precisarão de aprovação das Câmaras Municipais para reajustar imposto

Elisa Vaz
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Uma mudança prevista na reforma tributária tem causado preocupação entre especialistas do Pará. A ideia é que o Poder Executivo municipal tenha autoridade para atualizar a base de cálculo do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) por meio de decreto, sem precisar aprovar uma lei específica, mas seguindo critérios gerais previstos em legislação municipal.

O contador Cleber Albuquerque acha que esta não seria uma boa decisão. Para que haja uma alteração da base de cálculo do IPTU, hoje, há a necessidade de aprovar um texto na Câmara Municipal da cidade. Agora, as Prefeituras teriam mais autonomia, dispensando, nesse caso, a atuação e fiscalização dos vereadores.

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“Eu acredito que não seria uma boa ideia porque coloca em cheque a possibilidade de arbitrariedade, de haver um percentual de reajuste acima e resultar em uma falta de controle na aplicação do imposto, tornando importante estabelecer mecanismos de transparência para garantir a justiça e imparcialidade na administração do IPTU”, afirma.

Impactos

A medida, se aprovada, daria mais flexibilidade e independência às prefeituras, possibilitando ajustes mais ágeis de valores. Com os entes públicos municipais tendo margem para mudar a base de cálculo do IPTU, se os valores forem atualizados de forma desproporcional, o reflexo dessa mudança seria de um aumento da carga tributária para o contribuinte final, sendo o principal impacto no bolso do contribuinte de menor renda.

Na opinião do especialista, o impacto nas contas municipais dependeria de como cada Prefeitura utilizaria essa autonomia. “Por um lado, a agilidade do processo resultaria em um aumento da arrecadação municipal, fortalecendo o caixa para investimentos em áreas importantes. Por outro lado, se não houver controle adequado e as atualizações não forem realizadas de forma justa, pode haver aumento excessivo de carga tributária”, detalha.

Queda na arrecadação

O advogado tributário Jimmy do Carmo avalia que a mudança referente ao IPTU pode acarretar em maior sensibilidade do fisco municipal no que diz respeito à obrigação tributária para o contribuinte com menor capacidade econômica. “No mundo real, os contribuintes dos municípios, muitas vezes, não conseguem realizar os pagamentos de IPTU em razão da baixa capacidade econômica”.

Se a base de cálculo puder ser majorada por meio de decreto, não sendo observadas as necessidades dos contribuintes ou de sua capacidade contributiva, o município pode uma redução de arrecadação, segundo ele.

Outra repercussão negativa do especialista é quanto à legitimidade popular. “O processo legislativo demanda legitimidade popular, então o que pode ocorrer é que as populações, os grupos que são afetos à matéria tributária quanto à propriedade territorial urbana, podem não ser ouvidos e, com isso, as demandas populares podem eventualmente não ser observadas pois o decreto não demanda para sua publicação qualquer ato da Câmara Municipal”, argumenta.

Tramitação

Conforme apuração do O Globo, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), definiu o calendário de votações desta semana com foco nas propostas econômicas. Para acelerar a tramitação da reforma tributária, ele queria abrir a discussão já nesta segunda-feira, segundo o jornal. 

Por ser uma Proposta de Emenda de Constituição (PEC), no entanto, a reforma tributária precisa ficar por até quatro sessões em discussão no primeiro turno e por até duas sessões no segundo turno. 

Mesmo com o início do debate, a reforma tributária pode se estender para as próximas. Isso porque governadores sugeriram alterações no texto do relator, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), na última quinta-feira (29).

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