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Artistas paraenses comentam os desafios da profissão

Murilo Couto, Égua Manu, Emanoel Freitas e Felizmunda comentam os desafios da carreira, o humor nas redes sociais e a evolução das piadas em nome do politicamente correto.

Enize Vidigal, O Liberal
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Hoje é Dia do Comediante. No palco, na tevê, no stand up comedy, nos eventos privados e corporativos ou nas redes sociais, a comédia surgida na Idade Média ganhou muitas formas de apresentação. O paraense mais famoso do stand up comedy, Murilo Couto, conta a dificuldade de galgar a carreira nacional sendo do Norte. Já a influencer Égua Manu, revela que precisou de muita insistência para atingir 180 mil seguidores fazendo humor no Tik Tok.

Por falar da nova geração, como não lembrar de artistas célebres, como Chico Anysio (1931-2012), autor de personagens icônicos da tevê; e, mais recentemente, do juiz Cláudio Rendeiro (1966-2021), o homem por traz do emblemático caboclo paraense Epaminondas Gustavo, que despontou em mensagens de Whatsapp? Eles vieram de diferentes gerações, representaram formas de humor distintas que foram próprias de suas épocas, dos territórios de atuação e dos meios usados para atingir o público.

“Estarmos muito mais longe de onde as coisas realmente acontecem, que é no eixo Rio-São Paulo. Os shows, os eventos, as produtoras que realizam os projetos estão majoritariamente pra cá”, descreve Murilo, que fixou residência em São Paulo. Ao sair do Pará, ele precisou adaptar o repertório de piadas com elementos regionais, que não eram compreendidas por outros públicos. “Nossas gírias não são tão conhecidas em outras regiões e nosso sotaque não é tão reconhecível quanto alguns outros”, compara. “Mas acredito que com a internet e as redes sociais essa distância diminuiu bastante e já é mais fácil alcançar público por todo país e até fora”.

Ele começou participando de “Malhação”, na Globo, e dos filmes como “Exterminadores do Além” e “O amor dá trabalho”, também produziu conteúdos para o Globoplay, participou do talk show “O Estranho show de Renatinho”, com tatá Werneck, no Multishow, e participa do programa “The Noite com Danilo Gentili”, no SBT. Murilo mantém uma rotina de postagens no canal do Youtube comentando fatos em evidência com pitada de humor.

“O stand up sofreu uma transformação grande nos últimos anos. A cultura de postar vídeos semanais é uma coisa assustadora pra mim. Inimaginável há dez anos atrás. O processo de criação e a forma das piadas tiveram que se adaptar ao ritmo frenético da internet. Isso me parece um ótimo exercício pro comediante procurar temas, treinar storytelling e construir uma persona, mas não acho que signifique um crescimento na qualidade do texto. Às vezes tem que pôr água no feijão pra conseguir postar vídeo novo”, avalia Murilo.

Humor nas redes

Há sete anos, a paraense Manu Freitas começou a postar vídeos engraçados no Youtube, quando estava com 15 anos de idade. “Cheguei a desistir. Em 2018, criei a página ‘Égua Manu’ com frases engraçadas, fotos e memes que as pessoas começaram a compartilhar. Cheguei a 135 mil seguidores no Facebook”, conta. Depois, ela criou perfis no Instagram e Tik Tok, onde atingiu 40 mil e 180 mil seguidores, respectivamente. “Eu faço resumo de fofocas, brinco com assuntos da atualidade, faço paródias. A galera gosta muito”. A jovem recém-formada em Administração ganhou notoriedade e começa a fazer trabalhos de publicidade. “Sou muito crítica com o meu trabalho. Mas o reconhecimento está chegando. Isso é muito bom”, comemora. 

Outra paraense, Denise Rodrigues, que há 24 anos mantém a personagem “Felizmunda” em atividades de teatro, festas e eventos privados e corporativos, recorda que a pandemia foi “difícil” para todos, especialmente para os artistas. Mesmo não tendo habilidade nas redes sociais, ela conseguiu se adaptar à realidade das lives. “Eu estava com a agenda cheia de eventos, mas com a proibição, foram reagendados para o futuro distante. Foi complicado, mas não tive cancelamentos”. Ela retomou as apresentações com públicos menores para garantir o distanciamento. “Eu sou uma artista de muita interação com as pessoas, fazer a live foi uma surpresa, gostei muito, mas senti falta da energia, do aprochego das pessoas”.

image Égua Manu, Felizmunda e Emanoel Freitas. (Ana Lu Rocha (Manu) e Divulgação)

As piadas mudaram

O ator, diretor e produtor paraense Emanoel Freitas, que já fez vários trabalhos no teatro e na televisão, inclusive em novelas da Globo (“Aquele Beijo”, “Geração Brasil” e “Alto Astral”), com 38 anos de carreira, ressalta que todo ator que trabalha com o humor, provocando riso no espectador através da comédia, pode ser reconhecido como comediante. Recentemente, ele esteve em cartaz em Belém com a comédia teatral “Fulana, Sicrana e Beltrana” e, hoje, integra a equipe de direção de arte de um filme para a Amazon Prime.

Emanoel comenta sobre a mudança na forma de fazer humor. No passado, eram comuns as piadas machistas, homofóbicas e até racistas. “Hoje nós, comediantes, temos uma responsabilidade ainda maior diante do público nos novos tempos do ‘politicamente correto’. Antigamente podia se fazer piada de tudo ou quase tudo. Cada vez mais o bom humor precisa ser exercido com responsabilidade, não só nos palcos dos teatros, mas, principalmente, nos palcos da vida”.

 

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