Estilista paraense cria coleção inspirada no Palacete Bolonha; veja as fotos

Com roupas extravagantes, as peças foram feitas a partir da técnica upcycling - que consistem no reaproveitamento de roupas, dando outro propósito para o material que seria descartado sem degradar a qualidade e composição

Pedro Ribeiro

O Palacete Bolonha virou inspiração de moda pelas mãos do estilista paraense marajoara, Jomaique Melo, de 26 anos. Cores, texturas e arranjos remetem aos azulejos e arte presente na construção centenária (1909). A obra foi intitulada de “Bolonha: uma tragédia de amor” e tem como proposta de incentivar historicidade das construções arquitetônicas emblemáticas do século passado e que fazem parte da história da capital, Belém.

Ao todo, são nove peças, intercalando vestuários de brechó e jeans. Elas foram exibidas durante um desfile, que ocorreu na edição especial do 1° Festival de Figurino & Moda | Deságua em Memória, na Escola de Teatro e Dança da UFPA (ETDUFPA), com apoio da também design de moda Andréia Rezende, Felipe Campos - Cenógrafo e Produtor-  além do Filipe Freitas, que é assessor de mídia. O projeto foi selecionado pelo Edital de Moda e Design da Lei Paulo Gustavo (2022).

Como surgiu a ideia?

A coleção foi inspirada na arquitetura e na própria lenda do casarão, que teria sido construído para uma amada, Alice Tenbrink. Cada detalhe do look foi elaborado e, em sua maioria, à mão, resultando em uma coleção conceitual voltada para o público jovem, predominantemente LGBTQIA+ que abraça tendências da atualidade, como: laços extravagantes, ombros marcados, muito jeans e franjas. As peças evocam ainda os anos 2000, de proporções impactantes.

Ao passar inúmeras vezes na frente do local, curiosamente, o estilista Jomaique Melo percebeu o “mistério” e as lendas na estrutura do prédio histórico. Desde então, começou a pensar na coleção de roupas. “A ideia é levar a lenda de forma diferente a todos, principalmente aos jovens, para poderem se interessar mais e até produzir projetos, pesquisar e visitar nossos edifícios históricos. Precisamos propagar nossa cultura e continuar mantendo vivo o costume de contar histórias e lendas, por meio da arte, moda, dança ou teatro”, falou o estilista.

Com roupas extravagantes e “monstruosas”, como diz o designer, as peças foram feitas a partir da técnica upcycling que consistem no reaproveitamento de roupas, dando outro propósito para o material que seria descartado sem degradar a qualidade e composição. As roupas do desfile possuem papelão, resto de outros tecidos e jeans por meio do brechó, transformando, também, os materiais em peças de valor com design exclusivo.

Veja a galeria: 

Coleção de estilista paraense materializa o patrimônio do Estado, Palacete Bolonha

Jomaique, após enfrentar barreiras, diz ter criado um novo estilo para cidade de Belém.

“Um sonho, poder realizar algo tão grandioso e excêntrico. Tem a minha cara e a história de um lugar belo e assombroso. Criei um estilo chamado “scary fashion” onde busco trazer referências no horror nas minhas coleções e causar o questionamento do público, e a lenda do palacete foi uma grande soma para essa construção. Tive vários obstáculos, mas nada que impediu de realizar o projeto com a excelência”, diz o estilista marajoara.

Trajetória

Em 2016, Jomaique iniciou o curso de design de moda. No mesmo ano, lançou a própria marca no Amazônia Fashion Week (AFW), e passou a inovar o fazer artístico nas passarelas. Em 2022, entrou para o curso de figurino cênico, na Escola de Teatro e Dança da UFPA (ETDUFPA), e se formará esse ano (2024).

O design de moda cogita lançar algo semelhante, ainda esse ano, em setembro, com uma versão mais comercial e pintadas a mão. Schiaparelli, Alexander Macqueen, Moschino e Thom browne são algumas grifes alternativas e extravagantes que o estilista considera inspirações no mundo da moda.

História do Palacete Bolonha

Na era da borracha, em Belém, Francisco Bolonha, engenheiro brasileiro, ergueu um palacete para sua amada Alice Tenbrink, pianista carioca, sendo moradia de ambos. No entanto, após a morte de Bolonha, Alice, de luto, vendeu tudo e partiu, deixando um edifício mergulhado no sobrenatural, onde o imaginário tomou conta da historicidade do prédio. 

(*Pedro Ribeiro, estagiário de jornalismo, sob supervisão de Abílio Dantas, Coordenador do Núcleo de Cultura de oliberal.com)

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