Como iniciou a tragédia do Rio Grande do Sul? Entenda o desastre climático que já matou 90 pessoas

A mais provável explicação se dá para o fenômeno El Niño e também pelas chuvas intensas formadas por um "anticiclone", que atingiu a localidade e criou um "bloqueio atmosférico"

Carolina Mota
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Um boletim divulgado às 9h30 da terça-feira (7/5) pela Defesa Civil, confirmou que 90 pessoas morreram pelas consequências das fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde o dia 27 de abril, quando ocorreu o primeiro temporal.

As chuvas afetaram 388 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, deixando mais de 155 mil pessoas desalojadas. A Defesa Civil continua pelas buscas de cerca de 132 pessoas desaparecidas e pelo resgate de moradores ilhados da região.

Estudiosos afirmam que a região inundou devido os efeitos do El Niño, que causa um aquecimento anormal nas águas do oceano Pacífico, e também pelas mudanças climáticas no mundo. Entenda como iniciou a tragédia no Rio Grande do Sul e o que, de fato, pode ter causado as inundações.

Como começou a tragédia do Rio Grande do Sul?

27 de abril, sábado:

O primeiro temporal atingiu municípios do Vale do Rio Pardo no dia 27 de abril. Em Porto Alegre, esse temporal provocou a queda de mais de 1,2 mil raios.

28 de abril, domingo:

No domingo, dia 28 de abril, a Defesa Civil registrou impactos do temporal do dia 27, levando o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) a emitir um alerta laranja com risco de tempestade para a metade do sul do estado.

29 de abril, segunda-feira:

Em 29 de abril, o Inmet emitiu um alerta vermelho de elevado volume de chuva para a metade do estado.

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30 de abril, terça-feira:

Na terça-feira, 30 de abril, as primeiras mortes foram registradas. Dois ohmens que estavam dentro de uma carro morreram após o veículo ter sido arrastado pelas enchentes. No mesmo dia, o número de mortos chegou a oito.

Estradas foram bloqueadas em diversas regiões e a força da água arrastou um trecho da BR-290 em Eldorado do Sul. Além disso, uma ponte foi levada pela água em Santa Tereza.

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1º de maio, quarta-feira:

O número de mortos chegou a 11. Imagens que circulam nas redes sociais mostram o momento em que uma mulher foi arrastada pela correnteza, no entanto, ela foi encontrada viva momentos depois. Parte de uma casa foi levada pela força das águas de uma enchente em Putinga.

No mesmo dia, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), admitiu a dificuldade de resgatar todas as pessoas afetadas.

No final do dia, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul emitiu uma "orientação expressa" para que moradores do Vale do Taquari deixassem áreas de risco.

2 de maio, quinta-feira:

O estado registrou 32 mortes nesse dia, devido às chuvas que equivalia a três vezes a média para esta época do ano, levando o governo a decretar estado de calamidade pública.

O Rio Taquari passou dos 30 metros de altura e atingiu o maior nível da história. Também no dia 2/5, a barragem 14 de julho, localizada entre Cotiporã e Bento Gonçalves, se rompeu parcialmente.

O que explica as inundações no Rio Grande do Sul?

A mais provável explicação se dá para o fenômeno El Niño, e também pelas chuvas intensas formadas por um "anticiclone", que atingiu a localidade e criou um "bloqueio atmosférico", segundo Andrea Ramos, meteorologista do Inmet, em entrevista ao Valor Econômico.

O fenômeno mantém uma massa de ar seca e quente atuando na região central do país, que envolve o Centro-Oeste, Sudeste e norte do Paraná, e que inibe a entrada de sistemas em outras áreas, sobretudo no Rio Grande do Sul.

O bloqueio é como um tampão. À medida que os sistemas atuam no RS, não conseguem uma incursão para sair e ficam sobre o estado. “Esse bloqueio inibe com que haja, quando há formação de frente fria que é comum nesta época do ano, a entrada de massas de ar. Ela fica confinada e tem essa tendência de ficar parado, jogando umidade do oceano no Rio Grande do Sul”, explica.

Além disso, Andrea comenta haver uma área de baixa pressão chamada “Baixa do chaco”, próxima do Paraguai e da Argentina, caracterizada como uma área de instabilidade, que aumenta o potencial de chuvas com volume significativo.

“Isso já potencializa as chuvas controladas e rajadas de vento. Quando os fenômenos estão associados, como a frente fria associada com cavados, isso se potencializa. Há também o canal de umidade que sai da Amazônia, que encontra esse bloqueio atmosférico. Nesse caso, a umidade vai toda para a região sul, e esse conjunto de fatores manterá a chuva frequente no estado”, explica.

Andrea explica também que a região Sul tende a ter antecipação das chuvas. Enquanto na região Sul do país o El Niño provoca muitas chuvas, na região Norte e Nordeste já diminui. A previsão, segundo o Inmet, é que a chuva continue até o fim da semana, mas com menor potencial.

Carolina Mota, estagiária sob supervisão de Heloá Canali, coordenadora de Oliberal.com

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