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Dia de São Jorge: paraenses seguem exemplo do Santo Guerreiro para ‘matar o dragão de cada dia'

Neste domingo (23), devotos do mundo todo comemoram São Jorge, um dos santos mais populares da igreja católica, também reverenciado em religiões de matrizes africanas

Fernando Assunção

Neste domingo, 23 de abril, devotos do mundo todo comemoram São Jorge, um dos santos mais populares da igreja católica, também reverenciado em religiões de matrizes africanas como o Orixá Ogum. Na tradição católica, São Jorge é retratado como um soldado, montado em um cavalo branco, que enfrenta um dragão com uma espada e uma lança. Fiéis paraenses enxergam na imagem do Santo Guerreiro um exemplo de fé inabalável para vencer os obstáculos e “matar o dragão de cada dia”.

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O padre Raimundo Ribeiro, pároco da Paróquia de São Jorge, localizada no bairro da Marambaia, em Belém, explica a analogia do dragão. “Segundo consta, em uma cidade da Líbia havia um grande lago, onde existia um dragão que aterrorizava as pessoas. São Jorge, ao ver a aflição do povo, se dispôs a enfrentar aquele animal e, assim, libertar as pessoas do perigo. Para nós, o ‘dragão’ se tornou um símbolo dos obstáculos  que temos que enfrentar no dia a dia e São Jorge, um exemplo de firmeza, que faz dele um santo procurado em situações de extrema aflição”.

Para a jornalista Lourdinha Bezerra, de 61, católica e devota de São Jorge há mais de 30 anos, o “dragão” que ela teve que enfrentar, e colocou à prova a sua fé no padroeiro, foi uma cirurgia de hérnia há cinco anos. Diabética, ela teve que assinar um termo cirúrgico em razão da delicadeza do procedimento. “Eu me apeguei a minha fé, pedi a São Jorge Guerreiro que me amparasse e me protegesse, e deu tudo certo. Cheguei a ficar abatida, emagreci bastante, mas hoje estou aqui. Venci o meu ‘dragão’ através da fé, que me tirou um aperreio de saúde, que é a coisa mais preciosa que nós temos”, conta.

image Lourdinha Bezerra venceu o "dragão" por intercessão de São Jorge (Foto: Thiago Gomes / O Liberal)

Uma fé que Lourdinha faz questão de demonstrar em cada canto de sua casa: ela mantém um altar dedicado a São Jorge, onde faz as suas preces, além de imagens, quadros, acessórios, escapulários e terços personalizados, e um jardim repleto da planta Espada-de-São-Jorge. Ela ainda organiza um evento anual em homenagem ao santo, que chegou à sexta edição ontem (22), o Samba de São Jorge - que também é considerado padroeiro dos sambistas. A jornalista conta que a devoção nasceu durante uma viagem à cidade do Rio de Janeiro, que tem o santo como padroeiro e realiza uma grande festividade no mês de abril.

“Eu vim de lá maravilhada e disse que iria me tornar devota, porque ele é um santo inspirador. Um exemplo de fé inabalável como a que eu quero ter, porque eu sou uma mulher guerreira que nem ele, eu não desisto, eu persisto e acredito nesse santo que lutou com lança e espada contra o dragão”, reflete. “O maior santo da igreja católica e também referendado na umbanda, como Ogum. Ou seja, é um santo referendado em todas as religiões, em todas as matrizes”, complementa. 

image Padre Raimundo Ribeiro, ao lado da imagem com motivos amazônicos: São Jorge é exemplo, de firmeza, de fé (Foto: Thiago Gomes / O Liberal)

Filho de Ogum

Geraldo Nogueira, 44, compartilha da mesma devoção de Lourdinha. Músico, Geraldo faz questão de colocar no centro das apresentações da Roda de Samba Fé no Batuque uma imagem de São Jorge. O intérprete de samba ainda celebra o sincretismo religioso ao se declarar filho de Ogum, Orixá cultuado nas religiões de matriz africana, que é representado por São Jorge.

“São Jorge foi o santo católico que os nossos antepassados africanos relacionaram com o Orixá Ogum, já que quando queriam fazer suas oferendas, não podiam usar a imagem do seu Orixá, porque era proibido. Ou seja, São Jorge não é Ogum, mas por ter características semelhantes, de também ser um guerreiro, corresponde ao Orixá”, explica Geraldo. “É um Orixá que a gente pode invocar e buscar nas nossas guerras internas, porque a batalha não é só com as forças externas, mas também contra as nossas vaidades, nosso ego”, completa.

Geraldo explica a relação de Ogum e São Jorge com o samba: “Se há 50 anos atrás você fosse fazer uma roda de samba na rua, a polícia chegava e reprimia. Então, o samba é resistência há muito tempo e por São Jorge ter essa característica de guerreiro, os primeiros sambistas começaram a usar a imagem dele. Isso influenciou para que ele fosse o padroeiro do samba. O samba vem trazendo essa devoção ao santo”. “Ser filho de Ogum é ser um guerreiro. Eu sou um artista, trabalho com arte e para trabalhar com arte no nosso país, sobretudo no norte, tem que ser um um guerreiro e um batalhador, porque são poucos incentivos”, conclui. 

image Geraldo Nogueira: ser filho de Ogum é ser um guerreiro (Foto: Thiago Gomes / O Liberal)

Programação

No dia de hoje, São Jorge recebe homenagens de diversas crenças em Belém. Na Paróquia de São Jorge, na Marambaia, a festividade é realizada desde o último dia 14 e traz como tema: “Vocação, como graça, na partilha do pão e da esperança”. A programação encerra neste domingo (23), com procissão a partir das 19h. Ao longo do dia a paróquia estará aberta para visitação dos fiéis, com missas celebradas às 07h, 10h, 12h, 15h e 17h. 

Para os umbandistas, o mês de abril é dedicado aos festejos a Ogum e São Jorge com programação de cada terreiro. No distrito de Outeiro, o Terreiro Recanto dos Orixás e Mãe Mariana realiza, desde o último dia 16, uma festividade em louvor ao padroeiro, que começou com uma procissão pelas ruas da ilha. A programação encerra neste domingo (23), com a distribuição da Feijoada de Ogum e derrubada do mastro. 

image No distrito de Outeiro, a programação do Terreiro Recanto dos Orixás e Mãe Mariana encerra neste domingo (23), com a distribuição da Feijoada de Ogum e derrubada do mastro (Divulgação/Lua Leão)

“Para nós, esse é um momento de unir os devotos de São Jorge em agradecimento pelas graças alcançadas. Na nossa casa, realizamos uma semana de ações voltadas ao combate à intolerância religiosa, homenagens a Ogum e serviços à comunidade. Quem tem São Jorge, tem a força de um guerreiro e da sua luz, união e paz", diz a mãe Suely de Iansã, organizadora do evento em Outeiro.

Serviço

Belém

Paróquia de São Jorge

Avenida Dalva, 445 – Marambaia

07h, 10h, 12h, 15h e 17h - Santa Missa

Depois das 17h - Procissão

Percurso: saída da paróquia, avenida Dalva, passagem Nossa Senhora de Fátima, avenida Pedro Álvares Cabral, avenida Tavares Bastos, passagem Dalva, rua Anchieta, avenida Dalva e retorna para a paróquia

Outeiro

2ª Festividade de São Jorge e Ogum

Terreiro Recanto dos Orixás e Mãe Mariana

Travessa Doutor Evandro Bona, 3380 – Itaiteua

10h - Derrubada do mastro

12h - Distribuição da Feijoada de Ogum

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