Autismo em foco: passeios são importantes na rotina de crianças autistas durante as férias escolares
Espaços ao ar livre são as melhores opções para o lazer dos pequenos, dizem mães de crianças autistas
Estabelecer uma rotina é importante para o desenvolvimento e bem-estar de crianças autistas. Em idade escolar, as crianças estabelecem um padrão de atividades que inclui, em grande parte, a agenda da escola. Porém, ao chegarem as férias, a rotina é quebrada, causando o risco de afetar o bem-estar do autista. Por isso, nessa época, atividades como os passeios são tão importantes para serem incluídos na rotina. É sobre este assunto que trata a 10ª edição da série 'Autismo em Foco', veiculada pelo O Liberal e portal OLiberal.com.
Nadiani Dias, mãe da autista Manuela, conta que continuar envolvendo a filha em atividades lúdicas e prazerosas durante o mês de férias é muito importante para a saúde e bem-estar da criança. Por isso, quando entra o mês de julho, os passeios ganham mais frequência na rotina de Manuela.
"Eu sempre gosto de levar ela em ambientes ao ar livre, onde tem areia e ela pode correr. São lugares assim, abertos, ventilados. Eu recomendo muito o Mangal das Garças, a Praça Batista Campos, da República e aqui, no Ver-o-Rio. São ótimas opções", diz Nadiani.
A escolha dos espaços não é à toa. Nadiani diz que locais abertos, como as praças, por exemplo, costumam oferecer mais paisagens e segurança para desfrutar com a filha, permitindo à Manuela também maior liberdade de movimentos, especialmente correr. Porém, ela alerta:
"Toda a atenção do mundo é necessária, porque eles correm, somem. Uma vez eu a perdi quando fui encher um copo d'água. Ela correu para outro lado e eu não a encontrei. Tem que ter um olhar atento 24h para uma criança especial".
Sobre a preocupação com a vigilância da criança autista, Nadiani destaca uma iniciativa que tem sido muito útil. Ela conta que aderiu à uma colecal de moda infantil, lançada por uma marca em Belém,que tem um design especial para crianças autistas, o que tem sido estratégico para os passeios em locais abertos:
"Eu como mãe da Manuela achei muito importante essa iniciativa para fazer a identificação das crianças autistas, porque não só a gente fica olhando elas nos passeios, nas praias, mas também outras pessoas e vão poder identificar que elas são especiais", diz Nadiani.
As roupas estampadas com o símbolo e as cores do autismo foi uma ideia aderida pela loja após perceber que, com a estratégia, poderiam colaborar com a segurança e identificação das crianças autistas:
"Assim que a gente ficou sabendo, a gente fez questão de trazer esse produto. A gente não sabia que ia fazer tanto sucesso. A gente vê hoje um engajamento muito grande, as pessoas autistas não têm medo de mostrar que são autistas e isso ajuda muito na educação de todos. Eu fico feliz de participar e mostrar o quão natural é a condição do autismo", diz Manuela Freitas, proprietária da loja e que também é psicóloga.
Colônias e outras atividades também são opção para as férias
A engenheira ambiental Paula Pinheiro, mãe do autista João Paulo, de 8 anos, menciona a importância das atividades programadas durante as férias escolares para o bem-estar mental e emocional do filho. Uma das opções que ela destaca são as colônias de férias.
"O meu filho se desorganiza bastante quando muda de rotina. Ele é grau dois de suporte e tem acompanhamento psiquiátrico e terapêutico. A gente consegue se organizar de novo com uma série de atividades. Esta semana ele está na colônia de férias e, na próxima, nós vamos à praia e conseguimos, assim, organizar a demanda sensorial dele".
Além dos passeios em família, Paula também destaca as atividades que algumas escolas continuam desenvolvendo mesmo no mês de julho como alternativa para manter a rotina do autista. Academias também têm sido opções, já que algumas têm desenvolvido atividades especiais para crianças neste período.
"A equipe multidisciplinar sempre indica que a gente busque criar uma rotina, então, manter uma atividade regular com a criança mesmo durante as férias ajuda muito na organização deles. Nossos principais critérios são os espaços abertos, onde ele possa correr, ambientes que tenham um facilitador e muita segurança", afirma.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA