Ato em frente ao supermercado Cidade pede justiça por 'dona' Anastácia e pelo fim do racismo

A idosa de 81 anos foi acusada na última sexta-feira, 11, de ter furtado uma flanela de dentro do estabelecimento

Ana Laura Carvalho
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Representantes de diversos movimentos sociais, da Prefeitura de Belém, familiares e amigos da idosa Nilza Sacramento, a “dona” Anastácia, 81, como é carinhosamente chamada, realizaram na tarde desta quarta-feira (16), um ato em frente ao supermercado Cidade, no bairro da Pedreira, em Belém. Eles pedem justiça, assim como o fim da discriminação racial e também o afastamento do funcionário que acusou a idosa de ter furtado uma flanela, na última sexta-feira (11).

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Devido estar muito abalada com a situação, “dona” Anastácia não participou do ato. O filho dela, porém, esteve presente e se manifestou. “A minha mãe está muito abalada emocionalmente. Ela não está conseguindo dormir direito. De vez em quando eu encontro ela com os olhos cheios de lágrimas. Ela se tornou uma pessoa triste, principalmente porque ainda não fomos procurados por ninguém. Não tivemos nenhuma retratação”, lamentou Jorge Sacramento, de 56 anos.

Com o apoio de um carro-som, manifestantes iniciaram o ato destacando que o Brasil é o país que mais mata negros no mundo. “No nosso país, o racismo​​ mata todos os dias. Isso é inadmissível. Casos de racismo vão ser escrachados a partir de agora, para que não aconteçam mais”, discursou o advogado Alejandro Falabelo, 31. “O que aconteceu com a dona Anastácia, dentro deste supermercado, foi um crime de racismo. Nós exigimos que seja feita a apuração deste caso com a devida responsabilidade. E que todas as pessoas envolvidas sejam punidas”, pediu.

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O secretário municipal de Direitos Humanos, Max Costa, esteve presente “para nos colocar à disposição para qualquer orientação jurídica ou qualquer atendimento psicossocial para a dona Anastácia”. “E mais do que isso: viemos aqui para mostrar que nós não compactuamos com qualquer prática racista e nós precisamos reafirmar que racismo é crime, não é tolerável e precisa ser condenado”, completou.

“Esse caso foi um desrespeito muito grande com a nossa Anastácia, uma idosa, que tem uma vida e uma história aqui no bairro da Pedreira. A nossa manifestação é para que haja justiça”, afirmou a aposentada Help Luna.

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A reportagem procurou o supermercado Cidade para se manifestar sobre o caso. O estabelecimento informou que “repudia veementemente qualquer ato discriminatório, tendo, ao longo da sua história, adotado política de recrutamento de pessoal pautada na diversidade étnica, etária, de gênero, entre outras, a fim de contribuir para uma sociedade cada vez mais inclusiva".

O supermercado Cidade disse ainda que “em relação aos seus clientes, não poderia dispensar tratamento que também não estivesse alinhado a esses valores de respeito à dignidade humana. Não por outro motivo, em seus 30 anos de existência, o supermercado Cidade jamais teve seu nome envolvido em qualquer evento que implicasse descrédito à sua política de tratamento igualitário”.

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O comunicado do estabelecimento finaliza dizendo que o supermercado está atento a uma cultura de melhorias contínuas, está apurando os fatos e tomando as providências necessárias, com o intuito de impedir eventual exposição de clientes, colaboradores e parceiros à desproteção de direitos que se quer ver defendidos.

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