Ansiedade e depressão também adoecem cães e gatos; confira os sinais e cuidados
A veterinária Tainá Barbosa explica quais os principais sintomas que os animais apresentam quando estão com transtornos comportamentais
Transtornos comportamentais como ansiedade e depressão vem afetando de forma significativa cães e gatos domésticos, levando seus tutores a grandes preocupações por não saberem lidar com essas condições. Quem aponta é a veterinária Tainá Barbosa, de Belém, que alerta para o excesso de humanização dos pets, que pode ser uma das causas para o aumento desses casos. A especialista também aponta outros fatores, como a separação dos tutores e a falta de atenção e mudanças no ambiente.
Essas condições são mais comuns em cães, por serem mais dependentes de seus tutores que os gatos, sendo a questão da separação por um longo período um dos gatilhos para depressão e ansiedade.
Por outro lado, os gatos também sofrem com ansiedade e depressão, mas por motivos diversos. “Os gatos são muito individualistas, então se deixarem eles assim e durante um período sozinhos eles já não sentem muito porque eles são muito independentes. Porém, nos gatos a ansiedade vem se apresentando mais na questão de troca de ambiente, ou quando chega um novo animal em casa, gera uma irritação que pode causar queda de pelos, lambeduras excessivas, surgimentos de placas”, explica a médica.
Quanto aos sinais, Tainá destaca os principais sintomas de ansiedade e depressão em animais de estimação, como lambeduras excessivas, mudanças na alimentação e no comportamento, incluindo letargia e desinteresse. Também ressalta a importância da observação atenta por parte dos tutores para identificar tais mudanças nos pets.
O que fazer?
A veterinária dá dicas para prevenir a ansiedade e a depressão em animais de estimação, como oferecer brinquedos interativos, passear com o animal, modificar o ambiente, oferecer recompensas e estimular o instinto de caça. Também menciona a importância de levar o animal ao veterinário ao notar qualquer diferença ou distúrbio comportamental.
“Oferecer brinquedos interativos. No mercado existem vários brinquedos, por exemplo, ou fazer mesmo. Ou você pode fazer uma garrafa pet com petiscos dentro para que o animal tente tirar e comer, isso gasta energia do animal. Já existem umas vasilhas de comida para os animais que são especificamente para aqueles que comem muito rápido ou em excesso, ou que comem menos. Modificar o ambiente em relação aos brinquedos, oferecer recompensas, que é uma forma divertida para estimular o pet a usar brinquedos e alimentos”, detalha Tainá Barbosa.
Outra orientação é incentivar o pet a ingerir outros alimentos, como frutas, legumes, mas sempre com orientação do veterinário. É importante sempre oferecer um tempo de qualidade para o pet levar para passear, fazer algum exercício físico comprar brinquedos interativos, oferecer recompensas sempre estimular esse cão ou gato a gastar energia, a fazer alguma coisa e também ensiná-los a ter alguma coisa para brincar quando o tutor estiver ausente então é muito importante essas questões e quando o animal apresentar alguma diferença, algum distúrbio e apresentar a questão do início de uma ansiedade ou depressão levar a uma consulta clínica com o veterinário.
“O James, ele tem bastante ansiedade de separação, a gente percebe que esse é um dos gatilhos dele. E ele também tem epilepsia, uma epilepsia de difícil controle, que a gente trata há alguns anos. Um dos sintomas da ansiedade dele é que quando ele tem essa ansiedade de separação, ele deflagra vários episódios de convulsão. A ansiedade dele se manifesta piorando a epilepsia dele, ele também fica com um padrão de alimentação bem diferente, não come tanto quanto ele come normalmente, porque normalmente ele é um cachorro bastante faminto”, é o que relata a estudante de medicina Maria Pires, tutora do James, cão de estimação.
Cão com diagnóstico de ansiedade em Belém
Em Belém, a tutora do cãozinho James explica que eles receberam o diagnóstico de ansiedade em dezembro de 2023, após uma viagem que deixou membros da família longe do pet por mais de 20 dias. Durante esse período, James passou a ter várias crises de epilepsias, convulsões e não querer mais passear. Após idas constantes em clínicas veterinárias, foi apontado que as crises de convulsões eram resultados do quadro de ansiedade que havia desenvolvido.
A estudante também relata que a família já desconfiava do quadro de ansiedade do James, tanto que após terem recebido o diagnóstico, teria ficado mais tranquilo lidar com esse problema. “Porque a gente já sabe o que fazer para melhorar, sabemos que ele precisa de mais presença nossa, que ele precisa de mais passeios, que ele precisa de um cuidado, uma atenção especial. Então, o diagnóstico em si ajudou a lidarmos melhor com a situação toda”, explica Maria.
A irmã adotiva de James, a cadelinha Luna, surpreendeu a família com um papel muito importante nas crises de ansiedade e epilepsia do cachorro. “Eles têm uma ligação muito forte, é como se ela estivesse sempre vigiando ele. A Luna percebe quando ele está mais ansioso e com um comportamento diferente nos segundos que antecedem uma crise de epilepsia. Ela começa a latir para nos avisar e, assim, conseguimos agir mais rápido”, relata.
Após terem obtido o diagnóstico correto para o James, Maria disse que deram início no tratamento de imediato, por meio de medicamentos e passeios com o pet, ocasionando assim uma significativa melhora no quadro do animal. “Ele melhorou bastante após ter iniciado a medicação. Ele não teve mais crises de epilepsia desde que iniciamos o tratamento em dezembro. Percebemos ele bem mais tranquilo”.
Eva Pires e Lucas Quirino (Estagiário sob supervisão de João Thiago Dias, coordenador do núcleo de Atualidade)
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