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O ‘Égua’ viralizou! Influencers paraenses conquistam a web ao promover identidade regional

A maneira do paraense de falar tem influência do português de Portugal, principalmente porque estes conjugam o "tu", mas a região Norte possui suas maiores referências na linguagem indígena

Amanda Martins
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Você sabia que a língua portuguesa é uma das línguas mais difundidas no mundo? Além disso, ela tem mais de 265 milhões de falantes espelhados por todos os continentes, de acordo com dados da UNESCO divulgados em 2023. Neste domingo (05/05), é celebrado o Dia Mundial da Língua Portuguesa, data criada há 15 anos pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em parceria da organização, para celebrar a língua portuguesa e as culturas lusófonas. Em homenagem à data, o Grupo Liberal decidiu mergulhar nas origens e no linguajar do falar paraense. 

Uma das expressões mais marcantes do falar paraense é o famoso "Égua", utilizado de diversas formas e em diferentes contextos, e, sendo um dos elementos mais emblemáticos da linguagem nortista para o resto do país. Na internet, os criadores de conteúdos paraenses estão se destacando ao incorporar as expressões e sotaques típicos do Pará, promovendo assim a riqueza cultural e linguística da região. Mais do que apenas palavras, o jeito de "falar paraense" se tornou um símbolo de identidade e pertencimento para aqueles que nascem e vivem no Estado. 

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Com o perfil "Égua Manu" no Instagram, Emanuela Freitas, de 24, conquistou cerca de 86,7 mil seguidores, apresentando não somente as expressões regionais, mas também compartilhando a culinária e costumes paraenses. "Eu já tinha a intenção de levar o Pará comigo para onde eu fosse, então, sempre tentei incorporar personagens, gírias e culinária. Atualmente, eu não crio apenas conteúdo regional, expandi para falar sobre tudo o que acontece, mas sempre tento incorporar as gírias e o modo de vestir do Pará", explicou.

A influenciadora destacou a importância de valorizar a cultura paraense, especialmente em um contexto onde o Norte do país muitas vezes é esquecido e subestimado. Por isso, Manu não perde uma oportunidade de deixar de estampar o amor que sente pelo Estado. "Eu tenho mais de dez camisas do Pará que eu uso no dia a dia e sempre tem gente que me pergunta onde eu compro, porque querem usar uma igual”, acrescentou. 

Conhecido como "O Paraense", o influenciador Carlos Almeida, de 30, usa seu perfil no Instagram com 47,8 mil seguidores para mostrar de forma bem-humorada as manias paraenses, situações do cotidiano belenense e até mesmo demonstrações musicais, "transformando" músicas nacionais e internacionais para o inconfundível toque e batida eletrizante do tecnomelody.

"Eu sempre fui muito apaixonado pela cultura paraense e, durante o tempo da pandemia da Covid-19, resolvi levar um pouco de alegria às pessoas, de uma forma paraense", compartilhou Carlos. 

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Carlos Almeida começou a ganhar milhares de seguidores no começo do período de isolamento social. Hoje são mais de 50 mil no Instagram e Tik Tok. Desafio é ganhar dinheiro com isso.

Carlos se esforça para mostrar o jeito paraense de uma forma mais cômica, proporcionando aos seguidores, tanto de dentro do Pará quanto os de fora, uma visão autêntica e divertida da cultura regional. Questionado sobre sua inspiração para criar conteúdos, o influencer apontou para cotidiano como sua fonte principal. "Vou na rua olhando os costumes, das histórias", revelou.

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Com frases, memes e pensamentos bem humorados de temas que envolvem os paraenses, a historiadora e pedagoga Tiane Melo, de 30, administradora da página no Instagram Manga Poética, expressa exatamente a forma que o povo local se comunica. O perfil já acumula cerca de 153 mil seguidores. 

Segundo a criadora de público, o surgimento do @mangapoetica ocorreu em abril de 2020, impulsionado pelo desejo dela em compartilhar suas poesias geradas pela profunda admiração que sente por Belém. "As frases, os memes, os pensamentos, eles vieram com o crescimento da página. As pessoas foram seguindo, e então, naquela época de pandemia, percebi que as pessoas queriam compartilhar, e fui desenvolvendo essa característica que hoje a Manga Poética tem", explicou Tiane. 

Apesar de inicialmente não se ver como uma influenciadora, Tiane reconhece o poder de sua plataforma em disseminar conhecimento sobre a Amazônia e a cidade de Belém. "Com o crescimento da página e o reconhecimento das pessoas, fui entendendo que precisava levar meu conhecimento adiante. É muito legal ver que meu conhecimento pode, de certo modo, levar conhecimento para as pessoas através da internet, que é um lugar tão democrático", destacou.

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Tiane Melo, administradora e criadora da página, fala dessa expectativa de encontrar o público

Para Tiane, o papel do influenciador digital e do criador de conteúdo é de grande responsabilidade, exigindo alinhamento a princípios e uma abordagem autêntica e respeitosa em relação à cultura local. Em suas publicações, ela disse que sempre buscou fugir de caricaturistas do "ser paraense". 

Saiba por que os paraenses falam ‘chiando'

A maneira do paraense de falar tem influência do português de Portugal, principalmente porque estes conjugam o "tu", mas a região Norte possui suas maiores referências na linguagem indígena. Além da forma anasalada de falar, o "s" com sonoridade de "x" e o som "chiado" de algumas palavras também chamam atenções por seres características peculiares do Estado.  

Este último, o professor Wandré de Lisbôa, PhD em Linguística Geral e Aplicada, explica que, na verdade, a reprodução do "chiado" se trata de uma palatalização do fonema. "Geralmente executamos ao falar como 'arroz', 'dois'. [Isso] também teve influência indígena além de portuguesa", explicou.

Segundo o educador, o Brasil não é apenas um país de dialetos, mas sim de falares regionais, e o Pará é um exemplo vívido dessa diversidade. "No Estado teve e tem grande influência das línguas indígenas, assim como da língua do colonizador e dos que vieram com eles", exemplificou.

Wandré ainda pontou que no Pará há diversos dialetos e sotaques. "Somos de uma diversidade enorme e isso, para quem estuda línguas, sabe que os usos vão refletir a diversidade", complementou.




 

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